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segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Tempo

São tragédias
são questões de pontualidade
assiduidade e mecanicas.
São questões de segundos
Questões retóricas que encaixam
fazendo mexer a terrivel malha do destino.

Não sei quem fui, não sei quem sou.
Não sei quem serei, nem muito menos as bases e o que me está destinado.
São numeros, estatisticas, percentagens e probabilidades.
São ideias, percepções, opiniões e visões.
Não sabes, sabias?
É tudo um conjunto de numeros aleatórios sem padrão.

O ser é uma inconstante, o sentir uma forma de tempo.
O espaço é peso e peso é pressão, é força, é nervo.

O tempo é uma areia presa na ampulheta
É o ultimo suspiro da primeira roda dentada que mexe os ponteiros do relógio
É o suspiro da terra seca quando chove
É o suspiro da areia seca vendo a aproximação das ondas
É o papel colado a fita-cola receando o vento que se avizinha
É medo, é incerteza, é desconhecido
É um medo ver o tempo a passar, viver
Então porque viver?

Teia

Estende-se para além de mim
Estende-se para além do que vejo, ouço ou sinto.
Estende-se para além de ti
Estende-se
Estende-se apenas.

São fios de seda, perdidos por entre manchas verdes
Manchas organicas, perdidas por entre ramos e árvores.

São teias e fios de cordel, presos por engenho, que prendem anjos e fadas.
São suaves construções letais
São orquestras de um só instrumento.

Tem tu também cuidado, cuidado com a teia
Pois pode prender as asas da tua imaginação
As asas da tua esperança
Pode estripar-te a vida
Deixando-a à mercê do predador que te observa
Que te observa com os seus 8 olhos...

sábado, novembro 09, 2013

Vida

Estilhaço consciencias
Perco-me na cor
Cego
Mordido
Pendurado e esculturado
Toque e retoque
Golpeio
As minhas mãos cortadas
Marcas nos braços
Marcas na pele sem cor
dum cinza perdido
Entre a luz e a escuridão
Numa escala imperceptivel
Intraduzivel
Inqualificavel
Os olhos da cor do céu
O cabelo da cor nevoeiro
A boca feroz e silenciosa como a morte
As mãos, numa suave percentagem de podridão
Eu sou a Vida
Não posso
Não consigo
Não desejo
Não consigo
Ligo-me ao mundo
De costas com a Morte
Sou a Vida, o anjo da criação
Das uniões, crio vida
Dos rostos infantis garanto maturidade
Dos rostos juviais garanto sabedoria
Peso os seus corpos numa balança
O que fizeste que vale a pena recordar?
Responde-me
Serei o teu carrasco, meu arguido
Serei o teu meretissimo
Serei o teu fim
Persigo a tua alma
Sugo-lhe a essência
Somos todos um só
Um só, é quem todos somos
Puxados por cordeis aneis e colares
Presos no bastão imperial da luz
sobre o atrito da escuridão
Sobre o peso da consciência
Quem és tu hoje?
A mão direita de Deus, a mão esquerda do Diabo.
A calma e o caos
O branco e o preto
O limpo e o sujo
O quente e o frio
Somos uma parte dum só
Somos apenas ela
Somos ela apenas
A vida.
Por isso
Comete os erros que tens de cometer
Antes que o cadeado te puxe
E pagues a tua divida.

sábado, novembro 02, 2013

Interferência

Ruido
O teu sorriso por entre interferencias
Mordo
Rujo
Trago o teu corpo ensanguentado
Atinjo o limite
Os olhos vermelhos de raiva
O entrelaçar de acontecimentos
O tempo volta atrás
Os ponteiros retornam
Aqui
Ali
Aqui
Preciso, encontro-me
Falo
Sou eu?
És tu?
São as marcas
cortadas aos esforços e trazidas de calos
e inesperadas situações esperadas
Letra U
Letra N
Ácido
Corrói a vida
Come a cor
Nas veias
doce dor boa
Agita, usa
Este é o remédio
Diz a voz suave dela, num toque de arrepio, um toque de calafrio doente
Os rpm's sensiveis correm altos na fábrica
Os seus pensamentos não param
E não penso
E não falo
E perco-me
E não me encontro
Sou perdido
Fugido
Previsivel
De boxers ou cuecas
Faço a minha revolução.

Dedos
Perdidos por entre dimensões
soltos
juntos
Preenchidos
Sofridos
Faço de tudo à minha volta algo claro
Limpo esta sujeira e não penso
Trago-te para mim
És minha
Serás minha?
És minha?
Foste minha?
Ou ainda o és?
Espaço e Tempo
Entendam-se
Não sou de aço nem de nenhuma liga metálica
Sou de uma espécie de amianto ou frigido ouro
perdido e gasto, numa intelectualidade tão profunda
Tão profunda do desconhecimento
E digo adeus, I say goodbye
E o mundo cai
E os vidros duma vida perdida estancam de novo
Como misseis de calor
Misseis de sensor de calor ou uma merda assim
E os olhos ficam cinzentos
O sorriso fecha-se
As mãos abrem-se, mortas
E o tac tac dita o caminho a casa.
Não sou eu
Sou eu?
Fui eu?
Fui o passado
Ou fui o futuro?
Fui a perdida intromissão de retrospectiva de nunca fugir deste buraco
Negro, em tons de cinza
Em que me refugio
Na minha cor carvão os dedos digitam cor
Cor que me traz de volta à estrada
Aquela estrada em que prometi que seria o rei
Que seria o melhor
...
Não fazes sentido demónio, não fazes sentido
Cala-te, cala-te, não quero ouvir
Essas tuas conspirações
Se doer, fui porque valeu a pena antes, e PONTO FINAL!

quarta-feira, setembro 18, 2013

Trajecto

Pensa, responde e diz em concreto
Que a vida toma o seu trajecto
São dilemas e dialectos
Escondidos em meros fetos.

Trás-me aquilo que desejas
estupido não sejas
enquanto os olhos não fechas
e o tópico desfechas.

Fode-te mais as tuas 9 vidas
e mais as tuas tendências suicidas
as tuas palavras são HVI, Sidas
E marcam e deixam feridas.

Despojei da nobreza
para mergulhar nesta tristeza
guiada pela tua frieza
sua fétida alteza

Armas de laser tipo guerra das estrelas
as mentiras dispara, apodreço-as
Falhou o verso, partiu o lápis
Não quero mais saber
Rasgo a folha viro a página
Não me farás mais sofrer.

terça-feira, setembro 10, 2013

Um passeio de carrossel

Luzes brilhantes cintilam no meio da musica alta, sobre o pano da noite. Andando perdido, fui contra ti e caímos os dois no chão. A visão turva abriu-se e estavas lá, com aquele olhar de sempre, foi o nosso reencontro.
Tenho sofrido, dizia ela, não te preocupes, eu estou contigo, dizia ele, na conversa consequente.
Uma paixão antiga, hoje uma amizade mais forte que nunca, os sorrisos eram mais verdadeiros, as brincadeiras mais cumplices, os olhares mais cheios, os toques e palavras mais espontâneos. Era como eles se amassem, como se fossem aquilo que ele sempre quis que fossem, mas ela nunca sentiu. Ele estava feliz, ela parecia sorrir mais, mesmo sofrendo mais do que nunca.
"Estamos nisto juntos", dizia ele, e ela sorriu. No recanto da mente, o pensamento ressaltava-lhe, sobre sentimentos que ela podia ter, mas com um sorriso espontaneo chutou essas ideias, dizendo para si mesmo "O lugar dela é como minha grande amiga, por mais que eu a tenha amado", e  nessa noite, ela sorriu mais do que quando saíram em encontros, do que quando ele lhe disse que a amava com todo o coração.
É como se algumas pessoas estivessem apenas destinadas apenas a ser amigos, e a felicidade fosse aquele sentimento que sentimos quando estamos no sitio certo :)

Tu sabes quem és amiga, por isso sorri, porque és fabulosa! S2

quarta-feira, julho 10, 2013

Os Rios de Sangue

Aquela suave brisa de verão agitava suavemente os eucaliptos do outro lado da sua casa.
Era verão, e a roupa parecia não durar muito tempo no corpo.
Era de manhã e ela trazia apenas uma t-shirt vestida por cima da roupa interior.
O cabelo, desarrumado, solto, selvagem, mas doce num tom diferente, num tom de amor,
os pequenos pés morenos em bico e os braços debroçados na janela.
O amor, ai o amor, pensava ela para com os seus botões.
Era dificil não pensar no passado, o seu coração não era propriamente puro,
já sofreu, já chorou, e já se cortou inumeras vezes,
mas existe sempre aquela fé,
que a faz estar à janela, como a velha carochinha,
procurando uma história fabulosa,
um romance memoravél, algo que a fizesse rir por entre uma cerveja,
num futuro próximo, depois do emprego, nada de sério,
mas que fizesse o seu coração bater mais depressa, e mais devagar de novo.
Ela não queria muito, mas talvez pedisse demais.
Uma suave brisa atira o cabelo para frente do olhar, a sua mão rapidamente o afasta.
Grupos de rapazes vêm da praia, morenos e musculados, e o coração dela palpita.
Olhares, sorrisos, talvez uma promessa de amor.
Mas o seu olhar baixa.
Não prestas, és horrivel, és gorda, quem é que poderia amar um pote de banha como tu?
E mais uma vez ela se corta, e mais uma vez ela não chora, só fica ali, de olhar vazio, perdida.
Mas hoje, os fantasmas continuavam, e mais se cortava, mais se cortava.
Os lenços já não continham os rios que fluíam, transbordavam.
O vermelho, a cor da sedução, foi a ultima coisa que se recordou.
O piscar de luzes a acordou-a, estava numa maca, deitada, sem forças,
como se fosse transportada para o purgatório.
Eu matei-me? Perguntava ela, a ideia parecia sedutora na sua cabeça, assim não sofria mais.
Blá blá, o médico falava, blá blá, falavam os pais, preocupados.
Para ela preferia que os rios continuassem até desaguarem no mar, e que esse mar fosse
a eternidade. Foi puxada para um grupo de pessoas que tentaram o suicidio, para conversar e
talvez fazerem-na desistir da ideia, mas os fantasmas não se calavam.
É aqui que pertences, galdéria imunda, és pior que estas pessoas aqui, és um insecto ao lado
delas.
Como te chamas minha jovem? Perguntava a senhora simpática, com as maças do rosto coradas de velhice.
Eu chamo-me Cristina, respondeu ela, num tom perdido.
Conta-nos a tua história, pediu a senhora.
A falta de fé batia na pronuncia, o ódio por ela mesma estalava na lingua durante as palavras.
Mas as pessoas aplaudiram.
Parabens Cristina, não é bom se sentir viva?
O resto foi blá blá blá...
Olá, eu chamo-me Eduardo e tentei o suicidio. Parecia pequena a distância, entre a vida e o seu fim.
Dizia o rapaz de óculos, que, sentado no fundo, Cristina nem tinha visto.
Acho que posso dizer que aprendi muito ao sobreviver, talvez fosse o plano Dele para mim, viver.
Fiquei a saber que sou forte, senão não sobrevivia. Diz ele, entre risos com o grupo, Cristina não se pode
ajudar e soltou um riso sentido.
Mas o que eu aprendi mais, é que apesar disto tudo, continuo a ser a mesma pessoa de sempre, com os meus demónios e fantasmas.
Mas vocês estão aqui para perceberem porque é que devemos de nos levantar da cama todos os dias e lutar.
Eu tambem gostava de saber porque, mas ficar na cama não vai ajudar, o mundo é feio e injusto,
mas nós tambem somos! Vocês sabem o quanto fizemos sofrer quem nos ama, a minha mãe ficou a noite toda na sala de espera
apenas com uma sandes no estomago, o meu pai não dormiu durante a semana que fiquei a recuperar da operação.
A minha irmã, que sempre me detestou, manteve-se ao lado da minha mãe e não a deixou ir abaixo o tempo todo.
Eduardo entra no campo de visão de todos.
Parti as duas pernas, mas ganhei amor pela vida.
Cristina chorava, perdida.
Tu, sim tu, tu és linda, queres sair comigo? Perguntou Eduardo a Cristina.
Eu não sou linda, diz Cristina mostrando-lhe as cicatrizes.
Não é isso que te define, é isto, diz Eduardo, apontando-lhe o dedo ao coração.
Mas Eduardo nunca apareceu, e mais tarde soube-se que foi atropelado, ao salvar a irmã.
O choque fez com que os seus pais recuassem na decisão de a porem no grupo.

A brisa não soprava, os eucaliptos encontravam-se imoveis. Eram 18 horas da tarde e a roupa parecia não durar no corpo.
Os pés morenos em bico e os braços debroçados sobre a janela.
Mais um grupo de rapazes passava naquele dia, ainda mais morenos, ainda mais musculados.
Olhares, sorrisos, talvez desta vez a promessa de felicidade fosse para valer.
Mas não.
És feia, és gorda, és uma inutil.
a lamina estava perto do pulso onde as cicatrizes residiam.
Não é isso que te define, é isto, recordava Cristina.
Balançou e atirou a lamina avermelhada de sangue pela janela.
Calçou os chinelos e desceu as escadas a correr num flac flac flac flac.
O pôr do sol era bonito, tons laranja contrastados com os tons do oceano.
Cristina olhava o pôr do sol como algo que nunca tinha visto.
Como se tivesse quase perdido aquela pedra preciosa.
Atirou-se ao mar, molhando o corpo esguio e moreno sobre as ondas do mar.
Um corpo flutuava no mar. Cristina pegou nele e trouxe-o à costa.
Após ter feito respiração boca a boca, conseguiu que o rapaz respira-se. Este levantou-se, rancoroso
Porque é que fizeste isso? Eu queria morrer! Tenho os meus direitos! Gritou o jovem
A mão balançou de encontro à cara dele, um estalo bem forte, dois estalos, três estalos.
As lágrimas cairam-lhe e a voz soltou-se, num grito solto, que tinha reprimido à muito muito tempo
O jovem abraçou-a, em silêncio.
O silêncio estendeu-se, pois qualquer palavra caíria na escuridão num momento daqueles.
Eu achava que não valia a pena viver, só sofrimento, só dor e desilusões, experimentei todas as
drogas, para tentar sacar algo bom disto tudo, mas não deu com nada... Acho que nem a escolher a droga
que compro sou alguma coisa... Devia apenas de desaparecer, ninguem sequer notaria...
Fazes falta a mim, diz Cristina, num tom tão surpreso, como se até ela estive surpreendida com o que disse
Que tal se viessemos à praia juntos amanhã? Não tenho muitos amigos e seria uma boa experiência, disse o jovem
Claro, gostava imenso, mas e isto? Perguntou Cristina, mostrando-lhe os pulsos
Não me importo
Não?
Não
Esta bem
Entao.. Está combinado?
Sim, acho
Amanha às 14 aqui?
Claro
Fico à espera
Eu tambem
Chamo-me Cristina
Prazer, Bernardo.
Bem, já é tarde
Pois é, tenho que fazer o jantar
Eu tambem
A sério? Cozinhas?
Um pouco
Gostava de ver isso um dia
Não de me gabar mas faço um optimo risotto
Tens que provar o meu arroz de pato!
Estou ansioso por isso! Adoro arroz de pato!
Ai Bernardo, és um máximo!
Parece que sou mesmo!
Não duvides!
És mesmo linda sabias?
Linda? Tenho mamas pequenas e cara de mula
Não tens nada
Tenho sim! Olha aqui, diz Cristina, juntando as maças do rosto e fazendo uma careta
E riram os dois,

Acreditas em amor à primeira vista?
Posso dizer que sim
A sério?
Sim, acho que sim, porque?
Ahh porque... Porque...
És capaz de te calar e dar-me um beijo? Tou farta de esperar.

sábado, junho 29, 2013

Retórico

Eras minha.
Segurava o teu coração, com malicia e sem intenção de te amar.
O canto direito do meu sorriso erguia-se, arrogante, enquanto o teu desejo subia.
Roupa voava, corpos moviam-se.
E nunca, nunca fui capaz de te amar.
Agora, tudo quebrou-se, como um chão de vidro.
Já não estás aqui.
Já não sinto o teu calor nos lençóis.
Nem a ponta afiada do teu sentido de humor.
E do dia para a noite,
desapareceste,
fugiste,
evaporaste e sumiste.

E fica a interrogativa, e se te tivesse amado, ficavas?

sábado, junho 22, 2013

Espaço & Tempo

Estiveste sempre comigo.
Estiveste sempre lá, quando era cego.
Falaste, mas a tua voz não se ouvia.
Cego, surdo, paralisado.
Quebrado nas leis do espaço.
Quebrado nas leis do tempo.
Dominado, presa nas vinhas
Duma qualquer falsa esperança.

Mas um dia falaste-me ao ouvido.
Plantaste a conspiração.
A semente cresceu e de um simples caule frágil
Tornou-se uma revolução
E queimei tudo,
parti tudo.
Livrei-me.

Eu acho que te devo a minha liberdade.
E talvez seja por isso que não me sais da cabeça.
Mas é inclaro.
A maneira como olhas e me atinges.
Às vezes perco a força quando me olhas
Às vezes é dificil conter a vontade de estar contigo.
Mas será que é por isso que não me sais da cabeça?
É por respeito, por charme ou simples uma ligação crua?

Eu noto, na maneira de olhar.
Era a maneira com que eu já olhei o mundo
Olhar cansado, saturado, vendo nada mais que preto e branco
E suaves tonalidades de cinza.
Algo diz-me que já te conheci antes
Como aquelas bullshit de vidas passadas e assim
O que me trás de volta ao passado
Aos tempos em que o demónio era eu
E não ele...

sábado, maio 18, 2013

Droga

O teu olhar
O teu olhar de escorpião
A tua maneira de pensar, a tua maneira de sorrir
A tua maneira de baloiçar
De lançar o equilibrio em linha recta
De desarmar vozes
De desarmar palavras
De desarmar-me
O sentido técnico da consciência.,
O sentido técnico daquilo que faz de ti quem és,
Escapa-me
És uma falha do sistema
Um erro
Uma regra quebrada
Acho que te amo por seres assim... Como uma droga.