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sábado, junho 29, 2013

Retórico

Eras minha.
Segurava o teu coração, com malicia e sem intenção de te amar.
O canto direito do meu sorriso erguia-se, arrogante, enquanto o teu desejo subia.
Roupa voava, corpos moviam-se.
E nunca, nunca fui capaz de te amar.
Agora, tudo quebrou-se, como um chão de vidro.
Já não estás aqui.
Já não sinto o teu calor nos lençóis.
Nem a ponta afiada do teu sentido de humor.
E do dia para a noite,
desapareceste,
fugiste,
evaporaste e sumiste.

E fica a interrogativa, e se te tivesse amado, ficavas?

sábado, junho 22, 2013

Espaço & Tempo

Estiveste sempre comigo.
Estiveste sempre lá, quando era cego.
Falaste, mas a tua voz não se ouvia.
Cego, surdo, paralisado.
Quebrado nas leis do espaço.
Quebrado nas leis do tempo.
Dominado, presa nas vinhas
Duma qualquer falsa esperança.

Mas um dia falaste-me ao ouvido.
Plantaste a conspiração.
A semente cresceu e de um simples caule frágil
Tornou-se uma revolução
E queimei tudo,
parti tudo.
Livrei-me.

Eu acho que te devo a minha liberdade.
E talvez seja por isso que não me sais da cabeça.
Mas é inclaro.
A maneira como olhas e me atinges.
Às vezes perco a força quando me olhas
Às vezes é dificil conter a vontade de estar contigo.
Mas será que é por isso que não me sais da cabeça?
É por respeito, por charme ou simples uma ligação crua?

Eu noto, na maneira de olhar.
Era a maneira com que eu já olhei o mundo
Olhar cansado, saturado, vendo nada mais que preto e branco
E suaves tonalidades de cinza.
Algo diz-me que já te conheci antes
Como aquelas bullshit de vidas passadas e assim
O que me trás de volta ao passado
Aos tempos em que o demónio era eu
E não ele...